Em tempos de pandemia, sexo virtual virou arroz de festa e figurinha fácil para milhões de seres humaninhos solteiros, conscientes e devidamente isolados. Nada de novo no front, pois que atire a primeira pedra quem nunca, né? Aliás, euzinha não me atrevo a atirar na praça sequer um palitinho de fósforo riscado, desses que a gente varre no chão da cozinha, sabe como? (Risos). Logo, espanto nenhum o tema ser recorrente nos meus escritos, aparecendo na maioria das Crônicas da Calcinha e no delicioso O diabo no fundo da sala.
Sexo virtual faz parte da realidade erótica de milhões de pessoas, há muito tempo. Tanto tempo que a nossa sociedade e sua mania oitocentista de classificar as coisas – como lembrou o velho e bom Michel Foucault – rotulou a prática de Sexting: o sexo pela internet, feito através de mensagens de texto, áudio ou vídeo. Isto, segundo a definição apresentada pelo famoso Instituto Kinsey, cujo fundador, Alfred Kinsey, abalou as convicções puritanas do mundo civilizado, ao publicar em 1948 seu primeiro relatório de pesquisas sobre a sexualidade. Pra você ter uma ideia, foi um choque descobrir que 90% dos americanos se masturbavam...
Se procurarmos pelo tema na Wikipedia, a enciclopédia aberta que se transformou na nossa “Barsa do século XXI”, descobriremos que a classificação do Kinsey tem mais três amigas. Pelo menos no Brasil, onde parece ser entendimento comum que o sexo virtual pode ser catalogado por formas. Assim, na categoria Camming, estão incluídos sites que fornecem serviços de vídeo-chat; na categoria Cibersexo, encontra-se o sexo realizado em mundos virtuais como o “Second Life” (aquele onde todo mundo pode ser bonito, sarado e rico) e onde os avatares simulam atividades sexualmente explícitas; na categoria Sexfone, encontram-se as conversas entre duas ou mais pessoas, nas quais se descrevem atos sexuais (aquele tipo em que o sujeito fica baforando no seu ouvido, querendo saber a cor da sua calcinha...) e, por fim e não menos importante, a categoria Sexting, na qual se enquadram as mensagens sexualmente explícitas, enviadas pelo celular. Se o Doutor Kinsey estivesse vivo e desse uma olhada nestas classificações, tenho certeza de que ele faria uma live sobre a atualidade dos seus dados...
Resta evidente que em tempos de pandemia, o recurso friccional de dedos solitários, apimentado pelo estímulo virtual, apenas acelerou um processo que já vinha ocorrendo. Logo, era um tema bastante corriqueiro, quando apareceu como o gatilho da trama erótica de O diabo no fundo da sala, romance publicado em 2019. E por falar no diabo.... Alerta de spoiler, viu?
A personagem principal do romance, a professora Anna Florença, começa a sua jornada completamente apaixonada por seu namorado virtual, o charmoso e gentil jornalista Luís Eduardo Bastos. A relação entre ambos tem início, justamente, em uma sala de bate papo virtual, dali evoluindo para mensagens privadas altamente picantes. A partir destas mensagens, o casal constrói verbal e mentalmente todo um jogo de fantasias eróticas, que são realizadas apenas no mundo virtual. Sem a prova dos nove do encontro físico, a relação segue harmoniosa e feliz até que a volta de um ex aluno coloca a vida desta professora de ponta a cabeça. O endiabrado Pedro Henrique Braden levará Anna Florença a experimentar na realidade concreta, cada uma das fantasias que ela cultivou com seu parceiro virtual. Dentre estas, está a fantasia da Submissão que ela particularmente adorava. O diabo do menino, que de menino não tinha nada, descobre as taras da profe e chega com ela às vias de fato. Quer um trechinho? Então se segura, Amade:
“Com um único gesto, ele desceu a parte de cima do seu vestido. Deixou-a com o colo exposto, ornado apenas com o sutiã azul e um singelo colar de pérolas. Afastou-se para observá-la: uma combinação difusa de surpresa, medo e recato. Devagar, tocou o bojo do sutiã. Liberou a fivela frontal, expondo os seios. Quando ela ficou seminua, Pedro sibilou, envolto pelas sombras que desciam sobre a sala do Terceiro “C”:
− Nunca mais me desobedeça!
Ele virou Anna Florença de costas. Empurrou-a delicada e compassadamente sobre o tampo da mesa, sincronizando o movimento com as próprias palavras:
− Eu vou te ensinar, professora, a nunca mais me desobedecer...
Ouviu a última frase com um leve esfriar do estômago. Fechou os olhos. Descansou o rosto, os seios e os antebraços no tampo da mesa. Contrastando com a frialdade da madeira, um calor lascivo se irradiou do meio das suas coxas para o resto do corpo, deixando-a corada de vergonha.
Pedro ergueu a saia do seu vestido. Passeou a mão por sobre as rendas da sua calcinha...
– Você realmente precisa ser corrigida! Empina essa bunda, professora...! – ordenou, com uma voz persuasiva.
Ela anuiu. Ergueu os quadris. Levantou a bunda o mais que pode. Sentiu a calcinha ser baixada lentamente, até o meio das coxas, deixando-a até mais exposta do que se estivesse totalmente despida. Quando ele sussurrou a próxima ordem, um calor ainda mais lascivo, ainda mais intenso, percorreu seus seios, percorreu toda a vulva e o interior da vagina...:
− Abre as pernas...
Afastou as pernas. Prendeu a respiração, já antevendo o que vinha: a mão esquerda de Pedro Henrique desceu sonoramente em seu traseiro.
− Ai! − ela espasmou num gritinho dolorido. E ele bateu de novo. − Ai! − E de novo. − Ai! − E de novo...− Ai!
Esperou por outras palmadas. Não vieram. O que sucedeu ao calor dos quatro tabefes, foi o frescor de uma boca molhada que se lançou, avidamente, sobre a bunda erguida. Pedro acalmava a ardência da pele com uma profusão de beijos úmidos e outro tanto de lambidas. Sob ele, indo de uma sensação à outra, ela ofegava.
− Ahhhh...
Assim que o calor desapareceu e foi substituído pela gentileza da saliva, Pedro Henrique se ergueu. Curvou-se sobre ela. Colou o corpo todo no seu. Feito isso, pressionou o pau extraordinariamente duro contra a sua bunda. E encostando a boca em sua orelha, sussurrou em seu ouvido:
− Alguma dúvida, professora? Quer que eu explique de novo...?
Anna Florença mordeu o lábio inferior. Quis dizer sim. Sim, por favor, explique outra vez... Mas um resto de dignidade a impediu.
− Não. − sussurrou. − Eu entendi...Pedro.
Ele riu. O riso brincava na entrada do seu ouvido. Pedro lambeu delicadamente o lóbulo da sua orelha. Depois... foi vagueando a língua do pescoço para a nuca. Inscreveu com ela um traçado rigorosamente linear, descendo da nuca até a base da sua coluna. E de lá, voltou com a língua pelo mesmo caminho.
− Já que entendeu a explicação, professora, me faça o favor de pedir desculpas. − Pedro se ergueu. Desferiu dois outros tabefes na sua bunda. − Peça desculpas, professora!
− D-desculpa! – gritou. Mas depois, a cada novo pedido de desculpas, a voz foi ficando mais baixa... mais leve... até um simples sussurro. – Desculpa... desculpa, Pedro... me desculpe!
Outra risada.
Ele se afastou, deixando-a sobre a mesa. Foi se sentar na carteira de Frederiko, assumindo novamente a posição em que se encontrava, quando ela chegou.
Anna Florença voltou o rosto. Com os olhos semicerrados, o enxergou sentado, meio “largado” na carteira, passeando os olhos verdes por seu corpo, claramente apreciando a cena que ele mesmo havia montado.”
Fala sério, né colega? Com um diabo desses quem não tá a fim de pecar? A pessoa é uma coisa de delícia indecente, daquelas que leva a gente direitinho pro meio do inferno, só pra queimar nas labaredas do desejo! Ui. Dá até título pra novo livro. E já que estamos falando do diabo, vale lembrar que também não foi por acaso que o imaginário cristão criou essa figura, por volta do século IV, d.C., relacionando-a intimamente com o sexo. Mas isso é tema pra outra prosa. I promise.
Enquanto isso, até a vacina se tornar um bem comum e a cobra poder voltar a passear, segue na rede Amade. Só toma cuidado com os nudes, tá?
Beijoooooooo da Rosa,
E até a próxima prosa.
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