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Foto do escritorR. M. Ferreira

O beijo de Pedro Henrique



Sem tréguas: assim se definia o beijo de Pedro Henrique.

Sem descanso. Sem um segundo sequer de pausa, mas também sem preâmbulos.

Sem romantismo. Sem música.

Uma tempestade de língua e mãos descia sobre Anna Florença, exigindo, lambendo, sugando, mapeando seu corpo. Deixando um rastro quente de saliva e de desejo...

Ela pouco fazia. Se sentia capturada, presa numa teia da qual era impossível escapar. Tentou se agarrar à lógica e à capacidade de raciocínio, lembrando que a porta não estava de fato trancada e que Pedro não a impediria se o empurrasse...

Porém, o impulso de se entregar à carga erótica da língua que se imiscuía em seus ouvidos, era muito mais forte. O gosto inebriante da boca, mistura insólita de menta e tabaco, era muito mais forte. A volúpia das mãos enormes, tateando cada centímetro seu, era muito mais forte. E, finalmente, a ereção prodigiosa, prensada sobre seu ventre, suas coxas e suas mãos, era mais forte do que qualquer fortaleza de lógica!

Assinou a própria rendição com um gemido. As mãos, que mal e mal sustentaram sua resistência, amoleceram. Seus olhos, que por bravos segundos permaneceram entreabertos, fecharam-se. Sua boca, que lutou de forma bem pouco convincente... abriu-se de vez, permitindo que sua língua assumisse, enfim, que dançava... com a dele!

Pedro sorriu. Um sorriso breve, de reconhecimento... o suficiente para bater os dentes nos dela e dar-lhe um segundo de interrupção. E depois voltar à carga.

Outro beijo. Tão intenso e profundo, quanto aquele que se desdobrara em uma sucessão profusa de tantos outros. Ininterruptos. Desta vez, quebrados aqui e ali pelas mordidas que se fechavam em torno do seu pescoço, dos seus ombros, dos seus braços... Intensamente assessoradas pelas mãos, que envolviam suas coxas, afastavam suas pernas e permitiam que Pedro Henrique esfregasse, igualmente sem tréguas, o pau duro e grosso contra sua vulva... Contra a sensibilidade do seu clitóris...

Anna Florença estava atarantada. Sua cabeça girava. Seu corpo arquejava. Sentia dificuldade para respirar. Parecia estar solta no espaço, entregue aos caprichos dos sentidos, sustida, exclusivamente, pela vontade de Pedro. Mais dois segundos de pausa. Apenas para observá-la respirar fundo, entreabrir os olhos... e cerrá-los novamente.

A língua macia e curiosa, enrolou-se com a dela outra vez. As mãos circundaram sua cabeça, pressionando seus ouvidos, criando um microcosmo paralelo, onde só existiam as sensações do beijo. Ela gemeu de novo. Devagar, a língua de Pedro desceu para seu pescoço. E dali foi serpenteando até o vale dos seios.

Então... as mãos desceram dos seus ouvidos e envolveram seus mamilos. E num gesto tão abrupto quanto lascivo, forçou de uma só vez os botões do seu vestido.

Pedro beijou seus seios. Lambeu-os. Mordeu-os. Mas, de repente... lentamente, ergueu a cabeça. Encarou Anna Florença com uma ponta de perversidade nos olhos verdes e vociferou baixinho:

− Qual parte do quero que use seu sutiã de vadia, você não entendeu?!

Entreabriu os olhos. Delineou o rosto ligeiramente contraído de raiva. Raiva...? Ela não soube precisar. Mas se assustou. A mente, que já havia se despedido da lógica há um bom tempo, não se desvencilhou da prisão onírica. Cedeu tão-somente aos impulsos, às sensações e ao jogo erótico que se desenrolava.

− Eu... eu... não... − ela se engasgou nas palavras que não saíram.

Hein, Anna Florença?! Qual?! − ele insistiu. Ele apertou levemente seus ombros, imprimindo neles uma pressão calculada, incapaz de machucar, mas firme o suficiente para assustar.

Ela ficou desnorteada. Mais uma vez, lá estava Pedro Henrique a chamando pelo nome, dispensando o exclusivo “Flora” com o qual a rebatizara. E aquilo, como percebera naquela tarde, era prenúncio de alguma coisa ruim, uma ameaça velada ou mesmo de um castigo.

Com um único gesto, Pedro Henrique desceu a parte de cima do seu vestido. Ela ficou com o colo exposto, ornado apenas com o sutiã azul e um singelo colar de pérolas. Ele se afastou, para observá-la: uma combinação difusa de surpresa, medo e recato. Devagar, tocou o bojo do sutiã. Liberou a fivela frontal, expondo os seios. Quando ela ficou seminua, Pedro sibilou, envolto pelas sombras que desciam sobre a sala do Terceiro “C”:

Nunca mais me desobedeça!

Ele virou Anna Florença de costas. Empurrou-a delicada e compassadamente sobre o tampo da mesa, sincronizando o movimento com as próprias palavras:

− Eu vou te ensinar, professora, a nunca mais me desobedecer...

Ouviu a última frase com um leve esfriar do estômago. Fechou os olhos. Descansou o rosto, os seios e os antebraços no tampo da mesa. Contrastando com o frialdade da madeira, um calor lascivo se irradiou do meio das suas coxas para o resto do corpo, deixando-a corada de vergonha.

Pedro ergueu a saia do seu vestido. Passeou a mão por sobre as rendas da sua calcinha...

– Você realmente precisa ser corrigida... empina essa bunda, professora... – ordenou, com uma voz persuasiva.

Ela anuiu. Ergueu os quadris. Levantou a bunda o mais que pode. Sentiu a calcinha ser baixada lentamente, até o meio das coxas, deixando-a até mais exposta do que se estivesse totalmente despida. Quando ele sussurrou a próxima ordem, um calor ainda mais lascivo, ainda mais intenso, percorreu seus seios, percorreu toda a vulva e o interior da vagina...:

Abre as pernas...

Anna Florença afastou as pernas. Prendeu a respiração, já antevendo o que vinha: a mão esquerda de Pedro Henrique desceu sonoramente em seu traseiro.

Ai! − ela espasmou num gritinho dolorido. E ele bateu de novo. − Ai! − E de novo. − Ai! − E de novo...− Ai!

Esperou por outras palmadas. Não vieram. O que sucedeu ao calor dos quatro tabefes, foi o frescor de uma boca molhada que se lançou, avidamente, sobre a bunda erguida. Pedro acalmava a ardência da pele com uma profusão de beijos úmidos e outro tanto de lambidas. Sob ele, indo de uma sensação à outra, ela ofegava.

Ahhhh...

Assim que o calor desapareceu e foi substituído pela gentileza da saliva, Pedro Henrique se ergueu. Curvou-se sobre ela. Colou o corpo todo no seu. Feito isso, pressionou o pau extraordinariamente duro contra a sua bunda. E encostando a boca em sua orelha, sussurrou em seu ouvido:

Alguma dúvida, professora? Quer que eu explique de novo...?

Anna Florença mordeu o lábio inferior. Quis dizer sim. Sim, por favor, explique outra vez... Mas um resto de dignidade a impediu.

Não. − ela sussurrou. − Eu entendi...Pedro.

Ele riu. Deixou o riso brincar na entrada do seu ouvido. Lambeu delicadamente o lóbulo da sua orelha. Depois... foi vagueando a língua do pescoço para a nuca. Inscreveu com ela um traçado rigorosamente linear, descendo da nuca até a base da sua coluna. E de lá, voltou com a língua pelo mesmo caminho.

− Já que entendeu a explicação, professora, me faça o favor de pedir desculpas! − Pedro se ergueu. Desferiu dois outros tabefes na sua bunda. − Peça desculpas, professora!

D-desculpa! – gritou. Mas depois, a cada novo pedido de desculpas, a voz foi ficando mais baixa... mais leve... até um simples sussurro. – Desculpa... desculpa, Pedro... me desculpe!

Outra risada.

Ele se afastou de Anna Florença, deixando-a sobre a mesa. Foi se sentar na carteira de Frederiko, assumindo novamente a posição em que se encontrava, quando ela chegou.

Ela voltou o rosto. Com os olhos semicerrados, o enxergou sentado, meio “largado” na carteira, passeando os olhos verdes por seu corpo, claramente apreciando a cena que ele mesmo havia montado.

− Se eu ouvir a cabeça do meu pau, eu vou aí e te como agora mesmo...− ele revelou, pensativo. − Vontade de levantar, ficar atrás de você... segurar sua cintura... e meter o meu pau inteiro, nessa sua bucetinha gostosa...

Anna Florença fechou os olhos. Uma estranhíssima sensação de déjà-vu se apoderou dela. Era como se aquelas palavras já tivessem feito parte da sua vida... Como se, em algum lugar, já tivessem lhe sido ditas. Ela as reconhecia como velhas amigas, embora, ao mesmo tempo, lhe parecessem extremamente novas. A novidade vinha da forma com que desfrutava das palavras: através da voz de Pedro. E aquilo, justamente aquilo, tornava a emoção provocada pelo reconhecimento, algo aterradoramente mais forte!

− Sabe... − ele continuou. − Meter com força, rápido, bem rápido... cravar em você, segurando nos seus ombros... enfiando o meu pau até sentir o fundo... assim, de quatro...

Ele esperou. Deixou que as palavras se enovelassem pelo ar, alcançassem seus ouvidos e lhe provocassem as emoções. De onde estava, percebeu claramente que ela mordia o lábio, capturada pelas palavras.

– Mas então eu me lembro que você me deve um pedido de desculpas...

Eu já te pedi desculpas...! − ela se rebelou.

− Cala a boca, Anna Florença...! – Pedro Henrique replicou, numa voz rouca, preguiçosa e gemida. – Você só fala quando eu mandar, se eu mandar! A menos, é claro, que você queira rever a matéria! Quer? Quer que eu te explique de novo...?

Ela ficou quieta. Não sabia se respondia. Se ficava muda. Inerte. Se deixava aquela onda lasciva se espalhar pelo resto do corpo... Ou se ouvia a voz da autocensura que, mesmo fraca e distante, a criticava por estar se excitando com aquilo!

− Uau.... − Pedro riu de novo. − A professora gosta de apanhar…− ele praticamente gemeu a última frase. Ergue-se da carteira. Puxou a camiseta por sobre a cabeça e jogou no chão. Desafivelou o cinto. Abriu o zíper da calça. Subiu no tablado. Postou-se exatamente atrás de Anna Florença. Baixou a cueca e deixou que seu pau saltasse para fora da peça. Segurou-o resolutamente com a mão esquerda. E passou-o, levemente... na bunda dela. − Acho que eu vou é te dar uma surra de pica, professora...


Trecho do romance: "O diabo no fundo da sala"

Disponível em ebook nas Lojas Amazon e Impresso no site: www.rmferreira.com

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