Na vida, no dia a dia, no cotidiano e intimidade de cada uma e cada um, não opino sobre tamanhos e calibres. Afinal, além de não ser psicóloga e nem estar à frente de um quadro matinal sobre sexo na TV (Deus me livre e guarde...), como diz o ditado, cada um com seu cada qual.
No entanto, em se tratando de romances e suas fantasias, aquelas hot todo tanto que apimentam nossos momentos de evasão... ah, sim. Tamanho importa. E muito. Se não importasse, a Tia Erika James não se incomodaria em avisar os leitores sobre a “grande extensão” do seu Christian Gray e nem o Massimo Torricelli de Blanka Lipinska provocaria lágrimas na sua comissária de bordo. Em se tratando do bonitão mafioso, desnecessário dizer que a moça engasgou, né?
Para. Sério, Rosa? A prosa de hoje é sobre tamanho de rola?! Of course, amade. Pra quem gosta, não tem nada mais divertido... E já que estamos falando sobre play ground de adultos, no parquinho que ofereço aos meus leitores, os bonitões das histórias também são impressionantemente extensudos. Mas não apenas e somente isso, lógico. A composição toda, incluindo altura, coxas, bundas, ombros e braços, tem por objetivo último dar água na boca. Arremate com um sorriso de derreter geleiras e, voilá, diante dos seus olhos está um homem de arrancar suspiros. Gozosos. Espero. Para adoçar ainda mais a prosa, uma pequena galeria de homens talentosos, a título de ilustração do parágrafo: David Beckham - Trevant Rhodes - Jamie Dornan - e o amor da minha vida, que me aparece em sonhos como a "Grande Deusa da Criação" (não me pergunte o por quê) - Tom Hiddleston.
Tá quente, né? Ui. Bom, voltando à prosa, condição sine qua non para compor um protagonista de romance, o tamanho da rola nunca, ou quase nunca, é pauta de discussão. Está lá. Fim. É tão natural quanto beber água. O “tamanho” pode fazer parte dos diálogos, sobretudo os enviesados. Por exemplo, condimenta ainda mais as discussões de Anna Florença e o endiabrado Pedro Henrique Braden, de O diabo no fundo da sala. Como esquecer da provocação despudorada que ele faz à sua professora no dia da prova:
“− Professora. − disse alto. − Terminei a minha prova.
Ela pigarreou. Jogou todo o ar possível dentro dos pulmões. Fitou-o por longos segundos, à espera. Mas Pedro não dava mostras de que iria até a mesa. Enfim, Anna Florença se levantou e caminhou até o meio do tablado.
− Pode trazer aqui, Pedro. Por favor.
− Escrevi três páginas, viu? − ele continuou, agora estreitando os olhos verdes. − Será que está de bom tamanho?
Farejou o duplo sentido da pergunta. Mas não mediu as consequências de enfrentar Pedro Henrique, de novo, numa batalha verbal. Juntou as mãos na cintura e tripudiou:
− Bom, isso depende, não é, Braden? Porque, como você deve saber, tamanho não é documento.
− Então eu espero que o meu documento tenha tamanho suficiente pra você. − ele rebateu.
E Anna Florença, sem pensar duas vezes, respondeu de volta:
− Eu também, Braden.”
Calores, amades. Muitos calores. O diabo do menino é mesmo um inferno... De qualquer forma, dentro da história, os documentos do Pedro não são objeto de ponderação. Como eu disse antes, bonitão de romance é assim mesmo. Estranho seria se não fosse. Por isso, acho muito divertidos os diálogos mentais de Maria Laura, protagonista feminina do romance Apenas por Hoje, sobre as proporções de Kim Tan-woo. Para quem ainda não leu, (e depois deste post vai correr e ler, né amor?), Maria Laura está envolvida numa situação insólita, na qual é obrigada a conviver com um sedutor agente coreano. Uma das saídas que ela encontra para não se deixar levar pela sedução do moço, é dizer a si mesma que a “viagem não vale a pena”. Puro preconceito. Embora saiba e reconheça que está sendo preconceituosa, ela se apega a essa ideia fixa por conta do estado constante de salivação que a presença da criatura lhe provocava.
"Todas as suas emoções se confundiram. Embora, por certo, fossem todas previsíveis. Estava carente, o homem era uma coisa de bonito, estavam presos na mesma casa e prestes a dividir o mesmo quarto. O mesmo quarto, porque aquele colchonete verde e rosa revelava muito mais do que um gosto duvidoso para estampas. Indicava, com todas as suas flores mangueirenses que o “James Bond da Coreia” iria dormir no chão e não na cama imensa e convidativa, na qual ele certamente ficaria perfeito imitando um pretzel de maçã e canela...
– Se você se lembrar que ele tem o pinto pequeno, Maria Laura, fica mais fácil! – resmungou baixinho, procurando espantar com galhardia as imagens lascivas que bamboleavam em sua cabeça, indo e vindo, em intensa e sexy coreografia. – Força, garota! De madrugada a gente some daqui e você nunca mais vai sequer ouvir falar desse desenho em forma de gente e, muito menos, de ter sido obrigada a contemporizar tamanho de rola!”
Trazida para a realidade nossa de cada dia, dá pra ver que Maria Laura já sofreu um bocado com decepções frontais. Quem nunca, né? Bom, mas de qualquer forma, Kim Tan não é um homem “real”. Ele é um bonitão de romance. E como tal, surpreende nossa protagonista com uma extensão prá lá de grande... A cena acontece pela manhã, quando ela acorda e se esgueira pela beirada da cama só pra dar uma “olhadinha” no moço, estirado no seu colchonete verde e rosa. A visão e o resultado da mesma, são desconcertantes e, no mínimo, extremamente divertidos. Vale a leitura de uma das cenas mais engraçadas de Apenas por Hoje.
Com um leve suspiro, misto de desapontamento e saudade, rolou na cama, indo para o lado no qual ele dormia no chão, disposta a dar uma olhadinha naquele corpo dos deuses, enquanto ele se entregava aos braços de Morfeu. Deitado de costas, manta jogada para um lado, lençol para outro, Kim Tan exibia uma ereção matinal tão gloriosa, que era impossível não perceber os contornos de um pau estonteante, delineado pela seda do pijama...
– M-e-u-D-e-u-s-d-o-c-é-u! – ela sussurrou, sem conseguir se conter. Continuou na beirada da cama, segurando as abas do colchão, olhos pregados naquele milagre da natureza porque, ô Glória (!), contrariando todas as suas expectativas minimalistas, ele estava muito longe de ter o pau pequeno! Aliás, se pinto fosse navio, perto daquele, o do seu ex-noivo não passaria de uma pequena embarcação... e das mais singelas.
Aquele fora o momento delícia. E foi só um momento mesmo, porque em menos de um minuto cedera lugar para a sequência de acontecimentos que a deixariam na cama até o meio da manhã:
– Nunca viu? – ele perguntou com a voz sonolenta, preguiçosa, pouco se importando em cobrir o estado natural das suas “coisas”. Maria Laura abriu ainda mais a boca, pega de surpresa, mal acreditando que ele estava acordado e que ela não havia percebido, porque aqueles olhos amendoados pareciam estar fechados!
– Oh! – quase se escondeu debaixo do edredom, de novo, de pura vergonha, por ter sido pega em flagrante. Mas deu de ombros. Lembrou-se que aquela situação era culpa dele e só estavam ali, dormindo no mesmo quarto, dividindo uma intimidade estranha, porque ele era um bandido filho da puta. – Claro que já vi! – respondeu ofendida. – Adoro um filme pornô...!
– Uwa... – ele gemeu. – você tem um gosto esquisito...
– Por quê? Você não gosta...?
– Detesto. – gemeu... de novo.
Daí ela disparou a pergunta que não queria calar. Falou de uma vez, sem pensar muito, com aquela entonação afirmativa, que mais parecia uma acusação:
– Cê é gay, não é...?
Kim Tan não esboçou qualquer reação. Não ficou surpreso, nem ofendido. Nada. Só meneou a cabeça numa negativa sereníssima. Com a voz ainda gemida e bem mais preguiçosa, respondeu:
– Mas nem em sonho...
Eeeeita...!
Maria Laura foi escorregando devagarinho, de volta para o meio da cama e a segurança do seu edredom. Desta vez ela quis, sim, enfiar a cabeça ali embaixo e se fingir de morta, para não olhar nunca mais para o rosto e nem para as “coisas” dele. Antes que pudesse se esconder como um avestruz, Kim se ergueu de um salto. Parou um pouco, ao lado da cama, em nada incomodado com a ereção retumbante que exibia diante dela. Fez questão de percorrer com os olhos, cada centímetro exposto de Maria Laura. Quando terminou o escrutínio, deixando-a com o coração batendo descontrolado dentro do peito, ordenou com a voz macia:
– Volte a dormir. Ainda é cedo.
– ...E você? O que você vai fazer...?
Ele olhou direto nos olhos dela. E ali a manteve presa, pela infinitude de segundos que bem entendeu. Até responder:
– Eu vou tomar uma ducha. E enquanto a água cair, vou deixar a minha mão pensar longamente em você....
De novo, foi uma resposta à uma provocação. Mas, desta vez, ela não ficou muda, ruminando a indelicadeza e aceitando o placar. Reagiu alto, sentando na cama:
– Seu nojento! Bandido, cretino, nojento!
Kim se virou, indo na direção do closet, rindo dela! Permitiu que o riso a deixasse ainda mais irritada. E antes de prosseguir para o banho, parou na porta, voltou-se e recomendou:
– Quer um conselho? Decida-se sobre o que, realmente, você quer que eu seja! Pode acreditar: vai ficar mais fácil. Para nós dois!
Como diria Maria Laura, eita! A história promete. Portanto, amade, vá ler o romance. Fique em casa, divirta-se com a leitura, tenha compaixão e amor ao próximo. A prosa de hoje, foi escrita com a intenção explícita de provocar um pouquinho de riso nesse dia tão sombrio da história de nosso país. Aprenda com a Maria Laura e com Kim Tan que os estereótipos germinam no preconceito. A ignorância e a violência, também. Todos precisamos uns dos outros. E neste momento, nossa doação de amor, independendo da cor, da situação social ou do tamanho da rola, é FICAR EM CASA!
Beijos da Rosa. E até a próxima prosa.
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