Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro... o pensamento lá em você!
Olá, amores e amoras, sejam bem vindes a mais uma prosa com a Rosa. O tema de hoje é saudade. Sabe quando bate aquela saudade besta, meio sem pé nem cabeça, do jeito que a Legião Urbana já cantou? Saudades de tudo o que eu ainda não vi... Certo, Rosa, até sei, mas o que isso tem a ver com o Djavan, o frio e o livro?
Explico. Tem a ver com um papo meio enviesado que tive esses dias, pelo WhatsApp, com um amigo muito querido. Na oportunidade, ele me lembrou de um “disse me disse”, que corria à boca miúda, quando eu comecei a escrever profissionalmente, lá nos idos de 2011, no então Blog Calcinha Molhada. As pessoas se perguntavam, e tinha gente que jurava juradinho, de pé juntinho, que minhas crônicas e contos eróticos eram, na verdade, exercício mnemônico. Eu nem respondia nada, porque o mistério rendia muitos leitores e curiosos e você sabe que a propaganda é a alma do negócio, né bebê?
É tudo fantasia...
Mas... não. Infelizmente, e eu digo infelizmente MESMO, é tudo fruto da minha imaginação. Sorry. Todavia, isso não significa que meus escritos, incluindo romances, não tenham lá o seu pezinho na realidade. É claro que tem, More. Além de não ser exatamente santa, se tem uma coisa que eu sei fazer é link! Por falar em link, em se tratando de O diabo no fundo da sala, por exemplo, eu explico como se deram os links com a realidade neste post aqui. E, no caso de Apenas por Hoje, aqui.
Ocorre que hoje, bateu aquela saudade do ex, sô! Ops. Do link.... (kkkkkkkkkkkkkk). Eu te juro por Jesus Cristinho que eu gostaria muuuuuuuuuuuito de botar o nome da criatura aqui e ainda ensaiar uma declaração de amor sem vergonha, temporã e com data de validade vencida. Mas a pessoa é uma figura bem conhecida aqui na minha cidade, pelo menos entre os amigos comuns. Então, amore, vou ficar te devendo a revelação do link oculto, pois não vai dar pra escancarar o nome e os fatos. Passei da idade de encarar B.O. No entanto, e essa é a boa notícia, dá pra dividir com você uma das crônicas, aliás, uma das muitas crônicas, que nasceram de uma história que se deu “entre palavras” e que, num dia frio, num bom lugar pra ler um livro, merece que o pensamento vá dançando lá em “você”... meu ainda muito querido, Cara Pálida.
Presente de aniversário
_ Ata-me...! _ pediu langorosa, numa referência explícita a Almodóvar.
Ele inclinou os lábios um pouco de lado, numa imitação até convincente de sorriso. Tinha por hábito rir daquela forma, escondendo os dentes com os lábios, sempre que um sem fim de sacanagens lhe cruzavam a mente. Já havia ponderado que sorria “sem sorrir”, na tentativa de disfarçar os próprios pensamentos. Não raro conseguia enganar seus interlocutores, gente que o conhecia apenas na medida da sua permissão. Entretanto, aquele subterfúgio poderia funcionar com qualquer pessoa. Menos... com ela.
Assim que inclinara os lábios, ela já sabia que ele concordava. Que gostava da ideia. E que a perspectiva o excitava. A despeito de ser a primeira vez que se deitavam juntos, era fato que ela o conhecia. Inclusive... seus trejeitos.
Sabia que ele detestava ser amarrado, algemado, tolhido de “participar” do jogo amoroso. Mas, nada impedia que fizesse da sedução um ato de deleitosa tortura. Por isso, ela ergueu os braços lentamente, cruzou as mãos pequenas, uma sobra a outra... E ficou quieta, peito arfante, observando-o deslizar para fora da cama.
Ficou parado, longilíneo e nu, diante do armário aberto. Nos longos minutos em que perdeu os olhos pela desorganização das próprias roupas, ela o lambeu, criteriosamente, com os olhos: passou a língua da íris na tatuagem que brilhava sob o ombro direito... desceu pelas costas secas, de puro músculo. Alcançou a bunda fina e por ali ficou um bom tempo, divertindo-se entre lhe cravar os dentes e lhe lamber a carne.
_ Eu sei o que você está pensando... _ ele afirmou com a voz meio rouca, construída num timbre tão poderoso que a simples entonação era capaz de deixá-la louca de desejo, quase subindo pelas paredes.
_ ... É?
Ele se virou. Trazia nas mãos uma gravata vermelha, tão discreta e elegante que parecia um sacrilégio o destino que lhe reservara. No entanto, na composição estética que nudez frontal e gravata compunham, o menos importante era, sem dúvida, a elegância da peça.
Ela susteve a respiração por alguns segundos. O pau dele estava tão duro e tão gloriosamente impávido, que temeu afogar-se na própria saliva. Boca e buceta molhavam-se de tal forma que instintivamente descruzou as mãos sobre a cabeça e num gemido rouco, lhe implorou:
_ Vem cá...!
Desta vez ele abriu o sorriso “arrasa quarteirão”. Aquele que definia todos os librianos, aberto de um canto ao outro da boca, expondo dentes, aparelho, alma e coração. E com o sorriso faiscante, mistura afrodisíaca de desejo e tesão, ele negou, agitando a gravata no ar:
_ Foi você quem pediu... Baby!
Ela suspirou. A ideia da gravata, de ser atada, de ser torturada com carícias, vinha sendo prometida há coisa de oito meses, em conversas e encontros ocasionais. Quanto ao pau, sempre soube que era grande e grosso, desde o início, quando se conheceram num zoológico de tarados virtuais. Mas, por mais que tivesse se esfregado nele – ainda há pouco, no sofá e no conforto da cama –, vê-lo frente a frente, no auge da excitação possível, era o máximo de tortura que estava disposta a suportar...
Para colocar aquela pica na boca e depois senti-la sem mais delongas, escorregando para dentro de si, estava disposta, inclusive, à chantagem emocional. Fez voz de súplica, manhosa, bateu pestanas, apontou os dedos para o sutiã de renda:
_ Por favor...! Meus seios estão ardendo...! Olha isso...!
Ele continuou negando com a cabeça. Afastou as pernas dela com as mãos, ajoelhou-se e inclinando o corpo para frente, com uma única mão juntou as mãos dela acima dos travesseiros.
Vagarosamente, foi baixando a boca ao encontro da curva de seu pescoço. Depositou na pele um beijo molhado, lento e lânguido para, só depois, sussurrar em seu ouvido:
_ Presente tem que ter lacinho...
Os seios dela ficaram em estado absurdo de turgidez.
A frase que ele aspergira na reentrância da sua orelha, alcançara não apenas seu tímpano, mas também sua memória e toda a sua libido. Aquilo era a apoteose de um diálogo escrito, tecido desde as vésperas de seu aniversário, quando ela lhe prometera presentes, no plural.
Mas já não se lembrava mais daquilo. O encontro, os beijos, os amassos, os abraços... aquela festa orgiástica dos sentidos, demorara tanto tempo que ela mesma já havia se esquecido de que ele havia feito aniversário; de que, além de um presente de “enfeitar” – um porta lápis, que agora descansava no balcão da cozinha – ela também lhe prometera... a xoxota bem molhadinha, pra ele chupar.
Rendeu-se. Fechou os olhos. Mordeu o canto da boca e deixou que ele atasse seus pulsos, carinhosamente, com a gravata de seda. Não em um nó abrupto, indicativo de uma sessão aflitiva de sexo animal. E sim... num elegante e belo laço vermelho!
Curtiu, amada? Então marque o coraçãozinho, deixe seu comentário e lembre-se de compartilhar nas suas redes sociais e recomendar para as amigues! A escritora agradece demais da conta.
Beijooooooooos da Rosa,
E até a próxima prosa!
Comentários